SONANS
TEXTO 1
não o sentido absoluto
tampouco o tudo
só esta certa presença
que não pretende
que não pergunta
nem responde
livre da voz
livre do tempo
mais do que livre
TEXTO 2
o todo implÃcito
no fragmento
TEXTO 3
por precisão de exercÃcio
por precisão de entendimento
inventei precipÃcios
desmoronamentos
por precisão de intercurso
inventei acordes diminutos
sons incomodativos
TEXTO 4
mas depois cansei
das olheiras
das alegorias
redundei nas pretensões do que é
fundo
do que vai ser
mesmo
TEXTO 5
mas depois cansei
das olheiras
das alegorias
redundei nas pretensões do que é
fundo
do que vai ser
mesmo
TEXTO 6
e depois cansei
da tal história
de ambos
os lados a serem considerados
ri
e comi o último pedaço
sim, sem pedir licença
TEXTO 7
sinto mas não sei o que dizer
reparti o pão
reparti o pão em mil pedaços
era pra dar pra todo mundo
mas na calada da noite
nas horas mortas
nas horas silenciosas
os ratos
ratos inteligentÃssimos
ratos astutos
ratos mesmo
vieram
surrupiaram
subtraÃram
profanaram
ora
por precisão de sobrevivência
sejamos lúcidos
se necessário mentindo
fingindo
crendo
que as migalhas têm também
a essência
a integridade
a inteireza
do pão
verdadeiro
TEXTO 8 A
para sobreviver ao céu
e à terra
inventei enredos onde
sempre-vivas ensaiavam
estertores
TEXTO 8 B
olhei para os lados
acima
abaixo
o grande
o imenso
olhei para longe
TEXTO 8 C
olhei por dentro
e vi em preto-e-branco
as cores mesmas
TEXTO 8 D
mas nem tanto
escuro e azul
sagrado e divertimento
adeus e algo impensado
terra e céu
percebo que
não faz nem mal
e nem mesmo
ficar sem enredo
ficar sem sentido
ficar sem troco
ficar sem ser
isto mesmo
TEXTO 9
o todo implÃcito
no fragmento
TEXTO 10
ri
e comi o último pedaço
sim, sem pedir licença
TEXTO 11
crendo
que as migalhas têm também
a essência
a integridade
a inteireza
do pão
verdadeiro
TEXTO 12
a reza que eu sei
é sem palavras
é só aquele silêncio
fundo
que saberá a brisa
definir
que saberá a estrela
recompor
que saberá a lua
em seu aparente desconsolo
suportar
mas que eu
precária e sedenta criatura
cansada de adjetivos
exausta de estratégias
- minúsculo vocabulário –
tenho em mistério
TEXTO 13
a reza que eu sei
é insipiente
é sem som
é só aquele espanto que brota quando
por um momento
suprime-se a lógica
e as armas caem
reconhecido o ridÃculo dos votos
a limitação dos obrigatórios
procede, rara entrecena,
quando se vence o cansaço
dos gestos cotidianos que acumulam
passividade e o estéril
quando se vence razões
perpetuadas em sua disciplina
oca
TEXTO 14
a reza que eu sei é triste
talvez
e perdoa-se que seja
em parte ineficiente
mas mesmo não sendo método
mesmo não sendo fórmula
tem uma ação que eu enxergo
que mesmo não sendo reza
transmuda o negror imanente
na cor mais plena
do Verbo. |