Pró-Música de Curitiba - depoimento de   Eduardo e Henriqueta Duarte

 Em Fevereiro de 1963,o Padre José Penalva ministrou uma série de palestras ilustradas com a audição de discos. Essas palestras foram proferidas no Auditório da Universidade Federal do Paraná.
 Face ao enorme sucesso dessas palestras um grupo de jovens artistas e amantes da Música, reuniu-se para idealizar um Clube do Disco, para dar continuidade à iniciativa tão bem aceita.
 Esse grupo resolveu, então, propor algo de maior alcance, "uma sociedade" que realizasse concertos, conferências e cursos, visando um público mais numeroso. Essa sociedade visaria, também, a apresentação de jovens talentos paranaenses e o incentivo à arte musical do nosso Estado em geral.
 Assim nasceu a Pró Música de Curitiba, em 4 de abril de 1963, sendo seu primeiro Presidente o sempre lembrado Aristides Severo Attayde, como vice-presidente, a pianista e professora Henriqueta Monteiro Garcez Duarte e na diretoria uma plêiade de músicos e amigos da Música entusiasta, tendo como guia e incentivador a figura do Padre José Penalva.
 Com a apresentação de uma arrojada temporada de concertos, foi atraído um numeroso público de associados.
 Os cursos, as conferências e as audições de discos continuaram e as temporadas, com grandes nomes nacionais e internacionais se sucediam com êxito cada vez maior.
 Em dezembro de 1964 foram lançados os Cursos e os Festivais Internacionais de Música do Paraná, com o apoio do Governo do Estado, que trouxeram a nossa Capital, professores e artistas da mais alta categoria nacional e internacional, atuando alunos de todo o Brasil e do exterior. Após o IX Festival, não foi mais conseguido o apoio governamental e a iniciativa nunca mais foi realizada.
 Felizmente, a Prefeitura Municipal de Curitiba, assumiu a iniciativa e as Oficinas de Música aí estão continuando a serem realizadas com grande sucesso.
 Por volta de 1968, começou-se a discutir, entre os membros da diretoria da Pró-Música de Curitiba, sobre a viabilidade de aquisição de um piano de concerto que pudesse dar maior realce às apresentações da programação de concertos promovidos pela Sociedade, como também visando as grandes promoções dos Festivais, Cursos Internacionais, os quais a cada ano vinham crescendo em brilho.
 Os recursos da arrecadação mensal dos associados cobria a programação dos eventos que se promovia. A situação cambial do país tornava impossível pensar-se em adquirir um piano de concerto à altura do que se desejava.
 Foi, então, que se abriu uma sucessão de considerações favoráveis ao nosso desejo.
 O Professor José de Andrade Muricy, amigo pessoal de Henriqueta e de  Eduardo, antigo professor dela no Conservatório Brasileiro de Música, um dos mais ilustres e crítico musical e literário respeitado nacionalmente, ocupava um lugar no Conselho Federal  de Cultura e acompanhava atentamente toda a movimentação cultural do nosso Estado. Ele prontificou-se a patrocinar o pleito da Pró-Música para a doação de um piano "Steinway Grand" de concerto a nossa Sociedade.
 Por outro lado, a ligação familiar de Henriqueta e Eduardo com o General de Exército Isaac Nahon, que era amigo pessoal do Professor Arthur Cesar Ferreira Reis, então Presidente do Conselho Federal de Cultura, propiciou na garantia de que iria dar todo apoio à doação do preciso instrumento à Pró Música de Curitiba em 1970. Tão pronto foi a doação aprovada e efetuada, pedimos a nossa grande amiga professora Yara Bernete, então chefe do Departamento de Piano na Escola Superior de Música de Hamburgo, e grande amiga da Pró Música, onde havia se apresentado diversas vezes, para escolher o instrumento, que hoje ainda é um grande patrimônio da Sociedade.
 A chegada do nosso Steinway em Curitiba em março de 1971, ensejo à realização de um "Festival de Piano", aberto pelo nosso inesquecível Jacques Klein e continuado por Arnaldo Cohen e o jovem Luiz Alberto Thomaszeck, tão cedo levado do nosso convívio.
 Em seguida teremos a grande mestra Magda Tagliaferro, em memorável recital e ministrando curso, e muitos e muitos renomados artistas que a Pró Música apresentou.
 Seria difícil nominá-los todos, porém nomes como os pianistas Molzolen Frazer, Claude Frank, Nelson Freccia, Arnaldo Cohen, violinistas Christian Ferro e Leon Spierer, violoncelistas, como Pierre Frenier, flautistas como Aurèle Nicolet, bastam para darem uma idéia do que foi apresentado por nós nesta Cidade.
 Os conjuntos de Câmera de renome internacional foram inúmeros. Basta citarmos o Quarteto Barsenin, que nos visitou três vezes, o Quarteto Amadeus.  Entre as Orquestras de Câmara lembramos "I Musici", I Solisti del Baroco", a English Chamber Orquestra, a Academy of Saint Martin-in-the-Fields e a london Sinfonietta.
 Grandes momentos foram proporcionados pelas apresentações da Orquestra Sinfônica de Utah, a Orquestra Sinfônica Nacional da Radio e Televisão Francesa, a Orquestra do Teatro Colón de Buenos Aires, a Orquestra Filarmônica Estatal de Hamburgo, a Gewandhaus Orchestra de Leipzig, a Orquestra Filarmônica da Cidade do México e Orchestra de Paris.
 Os cursos de Análise Harmônica do Maestro Roberto Schnorrenberg, de Interpretação Pianística de Magda Tagliaferro e Jacques Klein, mostram de forma evidente que a Pró Música de Curitiba cumpriu com suas finalidades.
 Este foi o nosso legado. Foi muito trabalho, muito esforço e muito idealismo, que esperamos seja  mantido pela atual geração de músicos e amigos da Música.